sábado, 9 de agosto de 2008

Paulo, exemplo de discípulo-missionário

Pe. Geraldo Martins Dias



No próximo ano, serão comemorados dois mil anos do nascimento de São Paulo. O papa Bento XVI convocou toda a Igreja para celebrar a data e instituiu o Ano Paulino, que ele abriu no dia 28 de junho, em Roma. Será, sem dúvida, uma oportunidade ímpar para nossas comunidades conhecerem este apóstolo, reconhecido como coluna da Igreja.

O que me chama a atenção na vida de Paulo? São muitas coisas, mas citarei apenas três. Em primeiro lugar o jeito como ele se encontrou com o Cristo. “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9,4). É assim que Cristo se apresenta a Paulo que, determinado, partia para Damasco a fim de reprimir o cristianismo que nascia com vigor e arrastava multidões. Perseguindo os cristãos, Paulo perseguia o próprio Cristo. E com que convicção o fazia! Ele mesmo vai recordar esta história ao escrever aos Gálatas, admitindo que “perseguia e devastava a Igreja de Deus com excessos” (Gl 1,14). “Quem és tu, Senhor?” (At 9,5), indaga Paulo que, caído, já não mostra a mesma convicção. Seu encontro com Cristo foi, portanto, podemos dizer, “violento” e, ao mesmo tempo, decisivo para rumar por outros caminhos. Desde então, tornou-se o apóstolo que conhecemos, totalmente impregnado de Cristo.

Em segundo lugar, Paulo me chama a atenção pela radicalidade com que vive seu ministério. De onde lhe vem esta radicalidade? De sua experiência com o Ressuscitado que, de tão forte, o leva a abandonar tudo para possuir somente Cristo. “Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele” (Fl 3,8s). Esta radicalidade tem sua raiz no amor que o torna tão íntimo de Cristo que pode dizer: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Um terceiro aspecto da vida de Paulo que ressalto é sua capacidade de organizar as comunidades. É quando se destaca como evangelizador por excelência! De que ferramentas se serve para lograr tanto êxito? Primeiramente da Palavra! “Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o evangelho”, afirma à comunidade de Corinto (1Cor 1,17). Outra ferramenta é a valorização dos ministérios confiando as comunidades ao cuidado de seus próprios membros. Paulo não constrói comunidades centradas ou dependentes de si. Ele descobre e forma lideranças que conduzem as comunidades cujo centro é Jesus Cristo. Isso faz de Paulo um itinerante do Reino. Parece até que assumiu sozinho o mandato de ir por todo o mundo pregar o evangelho, conforme ordena Jesus (Mt 28, 19), dadas as inúmeras e arriscadas viagens que empreendeu.

Vivemos na Igreja do Brasil e da América Latina um novo tempo, proporcionado pela Conferência de Aparecida. O compromisso é tornar cada batizado um discípulo-missionário de Jesus Cristo, a partir da vida em comunidade edificada sob a fé pascal. A meta é fazer de nossas comunidades prenúncio do Reino inaugurado por Jesus Cristo, cujos protagonistas são os pobres e excluídos. O Ano Paulino se apresenta, neste contexto, como inspiração e caminho para a concretização deste grande e urgente desafio assumido por Aparecida. Seguir os passos de Paulo é garantia de meta alcançada.

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